Tony Hawk exclusivo: lenda do skate fala de Brasil, carreira e videogame
Longe desde 1987, americano retorna ao país e se depara com uma nova realidade. Aos 43 anos, ele descarta competições: 'Não penso em voltar'
Com apenas 16 anos de idade, Tony Hawk já era considerado o número 1 do mundo. Ao longo da carreira, o pioneirismo na execução de manobras "impossíveis" lhe renderam 12 títulos mundiais e o status de melhor skatista da história. Por tudo isso que, nesta sexta-feira, a garotada ficou emocionada no ginásio do Ibirapuera ao ver pela primeira vez a lenda viva das quatro rodinhas e estrela dos videogames, que depois de 24 anos está de volta ao Brasil para participar do Pro Rad. O festival terá transmissão ao vivo da TV Globo no domingo, dentro do Esporte Espetacular.
Mas por que ele ficou tanto tempo sem nos visitar?
- Não vim antes porque não recebi um convite para voltar (risos). Está tudo muito diferente daquela época, principalmente o skate no Brasil, que hoje é uma grande potência do esporte - explicou Hawk.
Em uma entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM, o americano, de 43 anos anos e pai de quatro filhos, falou sobre o retorno ao Brasil, o crescimento do esporte no país, o sucesso dos brasileiros no exterior e, entre outros assuntos, se pretende voltar a competir. Confira esse bate-papo com o rei do half-pipe:
GLOBOESPORTE.COM: O que você se lembra da primeira visita em 1987?
- Infelizmente, fiquei doente nos primeiros dias. Mas melhorei, pude fazer uma pequena turnê e conheci pessoas e lugares muito legais. O skate não era tão desenvolvido aqui naquela época e pude ver que todos ficaram muito impressionados.
Como está o skate no Brasil agora?
- Ele se transformou em algo muito grande. As marcas passaram a investir, o esporte se popularizou e hoje a situação é outra. O país cresceu economicamente, profissionalmente e se transformou numa potência do skate, com grandes eventos para a base, o que ajuda no surgimento de novos talentos.
Por que você acha que o skate caiu nas graças dos brasileiros?
- Acho que vocês têm uma cultura muito forte no surfe, como nós temos nos EUA. Moro em San Diego, na Califórnia, e lá também é assim. Comecei a surfar aos oito anos. Só depois fui andar de skate. Pratico os dois até hoje, mas no skate encontrei algo especial. Hoje posso falar que amo andar de skate.
Qual a sua relação com os dois grandes campeões brasileiros, Bob Burnquist e Sandro Dias, o Mineirinho?
- Aprecio muito a habilidade dos dois. São grandes skatistas. Tenho andado com o Mineirinho nos últimos cinco anos. Está cada vez melhor. Já o Bob, que também mora na Califórnia, sempre que dá eu apareço para fazer um visita e saltar na Megarrampa dele.
A Megarrampa está se transformando na principal modalidade do skate atual?
- Acho fascinante. Todo mundo andando no limite e executando manobras incríveis numa velocidade absurda. Mas não quero me arriscar e correr o risco de não poder andar mais de skate. Mas acho que o esporte tem muito a crescer com os Big Airs.
Em 1999, você se tornou ainda mais popular com a criação do jogo de videogame que leva o seu nome. Qual a importância disso para você?
- Essa nova tecnologia trouxe novos praticantes do mundo virtual para o real. Tenho muito orgulho disso. Fez sucesso e hoje já são 12 jogos de videogame com o meu nome. Ano que vem devemos lançar outro. Isso está ajudando no reconhecimento do esporte.
Você foi o primeiro skatista a completar o 900º (manobra de dois giros e meio). Você acha que é possível ir além?
- Acho que sim. Alguém ainda vai conseguir completar um 1080. Temos uma nova geração de bons talentos. Com o tempo, manobras consideradas impossíveis se tornarão realidade.
Você ainda pensa em voltar a competir?
- Tenho parcipado de alguns eventos, mas não penso em voltar a me focar em competições. Gosto de arriscar novas manobras e continuar andando de skate. Tenho a minha fundação e financiamos projetos de pistas de skate em áreas de baixa renda nos EUA. Atendemos mais de 3 milhões de jovens por ano, oferecendo um lugar seguro para eles se divertirem.
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